Antes de desmistificar alguns preconceitos acerca do terceiro setor, é importante compreender o que compõe essa área da sociedade. O terceiro setor é composto, basicamente, por organizações não-governamentais, sem fins lucrativos, que visam o atendimento de demandas diversas da comunidade. Assim, as organizações da sociedade civil – ou OSCs, como chamamos no cotidiano, também conhecidas como ONGs – são instituições autônomas que são formadas pelo livre interesse de associação de seus fundadores.
O terceiro setor visa atender as demandas que o Estado não provém para a comunidade e, por isso, pode abranger diversas áreas – como cultura, esporte, assistência social, saúde, entre outros.
No entanto, algumas concepções errôneas são transmitidas quando se trata deste tema e, a fim de transmitir um conhecimento confiável, propusemo-nos a apresentar, com um formato diferente, alguns aspectos que devem ser esclarecidos.
- Nem todas as ONGs são carentes de recursos.
VERDADE
Existe um imaginário que advoga que todas as organizações do terceiro setor estão em situação de extrema vulnerabilidade e, por essa razão, não possuem dinheiro suficiente para sustentar a iniciativa. Isso pode até ser uma realidade para algumas entidades, entretanto, a generalização acarreta uma falácia.
Existem algumas organizações sem fins lucrativos mundialmente famosas, com uma base de apoio muito forte e, consequentemente, com recursos suficientes para a continuidade da causa – a Cruz Vermelha e o Greenpeace são exemplos. Para além desse cenário, o próprio Brasil possui organizações sustentáveis de grande impacto, como a Vetor Brasil.
- As organizações do terceiro setor são majoritariamente compostas por pessoas despreparadas.
MENTIRA
Não raramente, tem-se disseminada a ideia de que as OSCs não possuem recursos humanos qualificados, ou seja, que não possuem pessoas capacitadas para a realização das atividades que se propõe. Essa mentalidade não corresponde à realidade, mas a uma ideia sem fundamento, pois aqueles que são responsáveis pela execução de projetos sociais no terceiro setor podem ser pessoas com conhecimento específico na área que a organização atua. Além disso, os idealizadores do projeto devem ter condições de estabelecer as diretrizes para que ele seja implementado e, para tal, devem conhecer aspectos exigidos para a estruturação da iniciativa.
Assim, é imprudente admitir que os voluntários que fazem parte dessa esfera social são incapazes, simplesmente por fazerem parte de um setor. O discernimento necessário para o planejamento, a implementação e o monitoramento do projeto é complexo e crucial para que o impacto social seja alcançado. Muitas organizações, inclusive, tem aporte de conhecimento em áreas amplas como marketing, comercial e gestão.
- A pandemia evidenciou a importância das OSCs.
VERDADE
A pandemia do COVID-19 trouxe uma crise sanitária e econômica de proporções globais. No país considerado pela ONU como o sétimo mais desigual do mundo, as severas discrepâncias entre os mais pobres e os mais ricos seriam sentidas nos preços, nos pratos de comida, nos estômagos e nas carteiras. Segundo o IBGE, em 2020, o Brasil chegou a 52 milhões de pessoas na faixa da pobreza, e 13 milhões de pessoas na extrema pobreza.
Dada a ineficiência do Estado em atender tantas demandas, as OSCs desempenharam papel fundamental no alívio da crise e no provimento de condições básicas para a população. Mesmo passando por crises de financiamento e de recursos, houve uma mobilização ampla de organizações para a arrecadação de alimentos e produtos essenciais.
Momentos como esse demonstram a relevância do terceiro setor, não somente em termos de capital financeiro, como também humano. Além disso, atesta que a existência das OSCs contribui para outras tantas.
Autoria por: Ana Carolina Souto e Gabriel Populin
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